28/10/2025
09h55
Riscos da automedicação

A automedicação é uma prática culturalmente enraizada no Brasil e em muitas partes do mundo, motivada pela pressa, pela facilidade de acesso a medicamentos de venda livre e pela crença popular de que se trata de uma solução rápida para desconfortos menores. Contudo, essa aparente conveniência esconde uma série de perigos significativos, configurando os complexos riscos da automedicação. 

Ao ignorar a necessidade de uma avaliação médica especializada, o indivíduo assume o papel de seu próprio prescritor, uma decisão que pode ter consequências sérias e, em alguns casos, irreversíveis para a saúde.

O ato de tomar um medicamento por conta própria, sem orientação profissional, é uma aposta perigosa contra o próprio corpo, desconsiderando a complexidade da farmacologia e as particularidades biológicas de cada pessoa. 

Entender e conscientizar a população sobre os riscos da automedicação é, portanto, uma questão de saúde pública fundamental, exigindo um esforço conjunto de profissionais e autoridades para promover o uso racional de medicamentos.

O mascaramento de doenças e os riscos da automedicação

Um dos mais graves riscos da automedicação é a capacidade que muitos medicamentos possuem de mascarar os sintomas de doenças sérias. Um simples analgésico ou antitérmico pode aliviar temporariamente uma dor ou febre, fazendo o paciente acreditar que o problema está resolvido.

No entanto, por baixo desse alívio superficial, doenças graves como infecções severas, apendicite ou quadros de câncer podem estar progredindo. O adiamento da busca por auxílio médico, provocado pelo desaparecimento temporário do sintoma, permite que a doença evolua para estágios mais complexos e difíceis de tratar.

O tempo perdido na automedicação pode ser crucial para um diagnóstico precoce e para o sucesso de um tratamento e é por isso que os especialistas alertam que a melhora aparente é um dos piores riscos da automedicação, pois impede a identificação da causa real da enfermidade.

Intoxicação e reações adversas: riscos da automedicação imediata

As intoxicações medicamentosas representam uma das principais emergências atendidas nos prontos-socorros, sendo um dos riscos da automedicação mais imediatos. O erro de dosagem, o uso de medicamentos vencidos ou a interação perigosa entre diferentes substâncias consumidas simultaneamente são causas frequentes de internações.

É comum que as pessoas, na ânsia por alívio rápido, consumam doses maiores que as recomendadas, sobrecarregando órgãos vitais como o fígado e os rins. A combinação de chás, suplementos e medicamentos sem prescrição aumenta exponencialmente a chance de reações adversas severas, demonstrando o perigo da falta de conhecimento farmacológico.

Mesmo um medicamento considerado inofensivo pode desencadear reações alérgicas graves em indivíduos sensíveis. Portanto, a falta de histórico e de monitoramento médico profissional transforma o uso de remédios em uma roleta russa de efeitos colaterais.

Resistência bacteriana e dependência química

Outro sério desdobramento dos riscos da automedicação é a contribuição para o aumento da resistência bacteriana, especialmente quando antibióticos são utilizados de forma inadequada. O uso sem necessidade ou a interrupção prematura do tratamento com antibióticos criam um ambiente propício para que as bactérias sobreviventes se tornem resistentes, tornando o medicamento ineficaz.

Esse fenômeno não afeta apenas o indivíduo que se automedica, mas representa uma ameaça global à saúde pública, limitando as opções de tratamento para infecções futuras. É fundamental que antibióticos sejam usados apenas sob estrita supervisão médica e pelo tempo total determinado.

Além disso, a automedicação frequente com substâncias de ação no sistema nervoso central, como alguns sedativos e analgésicos fortes, pode levar à dependência química.

A importância da orientação profissional

Para mitigar os riscos da automedicação, a busca pela orientação de um médico ou farmacêutico é imprescindível. O profissional de saúde possui o conhecimento técnico para avaliar o quadro clínico, considerar o histórico do paciente e prescrever a dose e a duração corretas do tratamento.

O farmacêutico, em particular, é o profissional mais acessível para tirar dúvidas sobre a interação medicamentosa e o uso seguro de produtos de venda livre. Ele atua como uma barreira final de segurança, orientando o consumidor sobre os riscos da automedicação e desincentivando o consumo irresponsável.

A chave para a segurança e para a recuperação eficaz de qualquer mal-estar é a confiança no diagnóstico e na prescrição de quem realmente entende de saúde.