05/12/2025
09h28
salários desiguais (1)

Salários desiguais ainda marcam a jornada das mulheres no mercado de trabalho. Essa é a realidade trazida pelos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou, recentemente, a edição da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS).

Em resumo, os números mostram que, embora o Brasil tenha registrado um recorde, com 101,3 milhões de cidadãos ocupados – lembre-se que o termo ocupação é válido para trabalhadores formais, informais e autônomos -, ainda são praticados salários desiguais entre homens e mulheres, ainda que elas sejam mais escolarizadas.

Salários desiguais: o que explica essa realidade?

A Síntese de Indicadores Sociais revela que 49,1% das mulheres estavam ocupadas em 2024. Naquele mesmo ano, 68,8% dos homens estavam trabalhando. Essa diferença entre o número de mulheres e homens que exercem alguma atividade é motivada, segundo o IBGE, pela divisão desigual de tarefas domésticas.

Se as mulheres passam mais tempo se dedicando aos cuidados com os filhos e com o lar, isso significa que elas têm menos tempo para “trabalhar fora” e, consequentemente, elas não vão encontrar tantas oportunidades de trabalho que se encaixem nessa rotina dividida com as tarefas da casa.

Em relação aos salários desiguais, em 2024, as mulheres ganhavam, em média, 78,6% o valor dos homens, ou seja, elas recebiam mais de 20% a menos que os homens. Em alguns setores esse percentual é ainda maior, como é o caso dos serviços e comércio, no qual as mulheres recebiam somente 63,8% do valor dos homens.

Pobreza é maior entre as mulheres

Além dos salários desiguais, a Síntese mostrou que a pobreza atinge mais as mulheres, com um índice de 24%, do que aos homens (22,2%), sendo que esse número é agravado quando é feito um recorte para mulheres pretas e pardas – bem como os salários desiguais afetam a população preta com diferenças ainda mais relevantes.

Brasil é o 2º país com maior desigualdade de renda

Os salários desiguais entre homens e mulheres não são a única preocupação. De forma geral, o Brasil tem a 2º maior desigualdade de renda entre 40 países que são selecionados pela Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) para esse tipo de comparativo.

Ainda conforme dados do IBGE, 20% da população que ganha os maiores valores (rendimentos mais altos), ganha cerca de 11 vezes mais que os 20% das pessoas com menores rendimentos. O Brasil fica atrás somente da Costa Rica, onde os trabalhadores com maior renda ganhar 12,3 vezes mais que aqueles com menor renda.

Entre os dados divulgados, aparecem – em situação melhor que o Brasil – o Chile (10,1 vezes) e México (7,8 vezes), além de Portugal e Espanha (5,5 vezes, ambos), Itália (5,4 vezes) França (4,5 vezes) e Suécia (4,3 vezes), sendo que esses últimos estão mais próximas da média da OCDE (5,3 vezes).

Sobre o Autor

Emelyn Vasques
Emelyn Vasques

Jornalista, atua há 8 anos nas áreas de assessoria de imprensa, comunicação e produção de conteúdos para diferentes veículos e plataformas. Destaca-se em sua trajetória a experiências como repórter no Jornal Diário do Comércio, especializado na cobertura econômica de Minas Gerais.